Roma surpreende sempre. Depois de alguns anos na Cidade Eterna, podemos habituar-nos às Cupolona Pedro ou entrar nos seus átrios. Mas, tal como a esperança, o Jubileu não desilude. Em fevereiro, tive a sorte de assistir a uma das coisas mais bonitas que alguma vez vivi em Roma: o chamado "Jubileu do Jubileu". Noite Brancadurante a reunião do Jubileu dos Artistas.
Ninguém sabia bem o que esperar: só tínhamos a hora de início e dirigimo-nos para a Praça de S. Pedro para atravessar a Porta Santa. Quando finalmente passámos, encontrámos uma basílica na mais completa escuridão, interrompida apenas por alguns holofotes em pontos estratégicos: a escultura do Pietà de Miguel Ângelo, as estátuas de santos no corredor central, alguns túmulos e, o mais impressionante, o Cadeira de São Pedro concebido por Bernini. A visita é acompanhada por uma música suave.
Não havia explicação. Não era necessária qualquer explicação. Todos os presentes ficaram maravilhados com o espetáculo silencioso. Senti que estava numa igreja totalmente nova, um mistério que se desenrolava suavemente diante dos meus olhos. Uma grandeza que se manifestava numa atmosfera de intimidade e de paz.
Essa noite fez-me refletir sobre o que vivemos: talvez rodeados de trevas (no mundo e em nós) e, como não pensar nisso, preocupados com a saúde do Papa Francisco, que não pôde participar no programa previsto para o Jubileu dos Artistas devido à sua hospitalização. Apesar de tudo, a luz está lá, e isso é suficiente para ver o essencial. Uma luz que não ofusca, mas que aquece e acolhe.
O Jubileu continua vivo, não só em Roma, mas em toda a Igreja. Cada um de nós é chamado a descobrir aquela pequena luz que está à espera de ser encontrada. Não desistamos do nosso caminho de esperança.