América do Sul: que a unidade prevaleça

A rivalidade e as tensões políticas em muitos países levam à tensão. Mas a Igreja encoraja uma cultura de encontro e de diálogo.

7 de Junho de 2017-Tempo de leitura: 2 acta

A região está a sofrer de uma preocupante polarização sociopolítica. Não me refiro ao facto de as eleições dos últimos anos terem sido decididas por percentagens finas, mas sim ao facto de a rivalidade de "modelos" inclui uma desqualificação cruzada: cada lado pensa que o outro está a prejudicar o país, e os pactos de governação - tão amigáveis em teoria - são diluídos em confrontos permanentes.

Entretanto, a Igreja está presa num quadro político que exerce pressão sobre a sua proposta pastoral e social: assume geralmente as boas intenções de ambas, recordando aos governos populares a importância de respeitar as instituições; e aos governos neoliberais ou de centro-direita a prioridade de cuidar dos pobres em todas as medidas económicas.

Neste contexto, o Papa Francisco, no Domingo de Páscoa, apelou a "soluções pacíficas para superar tensões "político e social na América Latina. A situação em cada país é diferente, em geral, muito mais do que aquilo que é percebido a partir da Europa. No entanto, as divisões são reais na Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Colômbia, Brasil, Paraguai...; mais calmas no Peru devido ao sucesso económico, e no Uruguai devido ao estilo social mais sereno; e mais extremas na Venezuela.

Seguindo esta linha, preocupados com a tensão, os bispos argentinos saíram em uníssono durante a Semana Santa para apelar à unidade fraterna. O Arcebispo Arancedo, presidente da Conferência Episcopal, advertiu que "Um país dividido não oferece soluções para os problemas das pessoas, e assinalado: "É necessário e urgente recriar uma cultura que tenha a sua fonte no diálogo e no respeito, honestidade e exemplaridade, dentro do quadro institucional dos poderes do Estado".

Por seu lado, D. Lozano (Comissão Pastoral Social) considerou que é necessário "... ter um cuidado pastoral social mais eficaz e eficiente".para construir uma pátria de irmãos"; O Arcebispo Stanovnik, de Corrientes, apelou à prudência contra a tentação da divisão e do confronto; e, finalmente, o Cardeal Poli, de Buenos Aires, defendeu que "Se não houver reconciliação, não há pátria, não há futuro.

Face à divisão sociopolítica, a Igreja defende a construção de pontes, a cultura do encontro e do diálogo, e promove uma lógica que supera a confrontação e coloca a sociedade na perspectiva do bem comum. Cabe aos cristãos assegurar que esta pregação se torne uma realidade e que - como diz o Papa no Evangelii Gaudium-, a unidade prevalece sobre o conflito.

O autorJuan Pablo Cannata

Professor de Sociologia da Comunicação. Universidade Austral (Buenos Aires)

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