Livros

O pacto de amor conjugal, uma fonte de esperança nas grandes narrativas

As histórias de alcance, quando reflectem a verdade do amor, "mostram a esperança segura de vida plena que nasce do amor dos cônjuges", disse José Miguel Granados Temes na apresentação do seu livro 'Transformar el amor', na Universidade de San Dámaso (Madrid) há alguns dias. Desta forma, "ensinam como viver e realizar o sonho de Deus e do ser humano em cada casamento e família, para o bem da sociedade".

Francisco Otamendi-11 de Novembro de 2022-Tempo de leitura: 6 acta
Capa do livro Granados

Ali, na tradicional e também universitária Madrid, acompanhado pelo vice-reitor da Faculdade de Teologia, Juan de Dios Larrú Ramos, que presidiu ao evento, e pelo reitor da Basílica de San Miguel, Juan Ramón García-Morato, teólogo e médico, José Miguel Granados Temes, que além do seu trabalho pastoral na diocese de Madrid, tem um intenso trabalho de investigação sobre o casamento e a família, apresentou o seu último livro, 'Transformar el amor'. Matrimonio y esperanza en los grandes relatos' (Casamento e esperança nas grandes histórias), publicado por Eunsa.

José Miguel Granados já publicou na revista Universidade de San Dámaso a sua tese de doutoramento sobre "A Ética Esponsal de João Paulo II", defendida há anos na Universidade Lateranense em Roma. As suas duas últimas obras foram "O Evangelho do casamento e da família", e uma reflexão sobre os valores humanos e familiares em autores anglo-saxónicos, intitulada "Mulher, ajuda-me a amar".

O discurso de Granados Temes incluiu um desfile de autores universalmente conhecidos, e outros não tão bem conhecidos. Como se fosse "uma visita a uma exposição de arte literária", disse ele. "Entramos no recinto da feira das grandes histórias que reflectem a vida e a história humanas. E fazemo-lo com o olhar ou com a perspectiva do evangelho do casamento e da família. Poderíamos dizer que se trata de uma visita a uma exposição a que poderíamos chamar "as idades do casamento", descoberta em grandes histórias".

Virtudes domésticas, valores familiares

Porque "ao entrarmos na exposição literária contida neste livro, descobrimos nestes cativantes relatos de histórias e relações humanas, por um lado, um buquê de belos virtudes domésticasO autor acrescentou: "Precisamos de estar conscientes das nossas próprias forças, tais como paciência, perdão, humildade, coragem, fortaleza, perseverança, confiança, alegria e industriosidade.

E "por outro lado, ficaremos surpreendidos ao descobrir que temos importantes valores familiares"Ele continuou, "como a tarefa de formar um lar, um lugar de acolhimento para cada pessoa, de cuidados com os fracos e necessitados, um lugar de abrigo e apoio, de promoção e encorajamento, de formação humana e cristã; ou o olhar de ternura para o outro, com sincero afecto, vida em comum, serviço prestado generosamente, alegria partilhada".

Mas acima de tudo, José Miguel Granados sublinhou, "vamos considerar aspectos e dimensões fundamentais do identidadeo vocação e a missão do casamento. Assim, a procriação como forma sublime da fecundidade do amor, ao receber o dom incomparável de cada criança; a dignidade da mulher, esposa e mãe, a missão específica do pai; a educação como extensão da paternidade e da maternidade; o amadurecimento afectivo; o papel de liderança da família na transformação social para construir uma civilização da vida e do amor".

Ensinam como viver

Alguns dos autores e histórias que encontramos nas feiras descritas por Granados são, entre outros, J.R.R. Tolkien, "com a sua impressionante recriação mitológica de admirável profundidade antropológica", que nos transporta "a um cosmos cheio de beleza e tensão dramática entre as forças do bem e do mal", nas palavras do autor; o seu amigo e colega universitário C. S. Lewis, com a sua "bela alegoria da história da salvação" e a lição do rapaz Eustáquio, em 'As Crónicas de Nárnia'; personagens memoráveis do brilhante Charles Dickens, que citaremos nas palavras do autor, com a sua "bela alegoria da história da salvação". Lewis, com a sua "bela alegoria da história da salvação" e a lição do rapaz Eustáquio, em 'As Crónicas de Nárnia'; personagens memoráveis do brilhante Charles Dickens, que citaremos no final na sua 'Bleak House'; Elizabeth Gaskell e a sua poderosa denúncia social; Oscar Wilde e The Picture of Dorian Grey; Os romances de Jane Austen ('Sense and Sensibility', 'Pride and Prejudice'); histórias de mistério e suspense como as de Anna Katharine Green, ou fantasmagóricas, como as de Wilkie Collins; aventuras, como as de Júlio Verne; ou solidão, como a de Robinson Crusoe (Daniel Defoe).

Também é possível observar a dupla vida moral em "Doutor Jekyll e Sr. Hyde" de Robert Louis Stevenson; as histórias infantis do dinamarquês Hans Christian Andersen, como "A Rainha da Neve", ou de Edith Nesbit ("Cinco Crianças e Isso"); o romance policial, com mestres do suspense e da investigação do crime, como Sir Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, Mary Elizabeth Braddon, Fergus Hume, Austen Freeman ou Nicholas Carter; o brilhante G. K. Chesterton na sabedoria humana do Padre Brown; ou "romances americanos com valores familiares cristãos e admiráveis figuras femininas, que também nos ensinam a apreciar o dom das crianças". K. Chesterton na sabedoria humana do Padre Brown; ou "sagas de romancistas americanos com valores familiares cristãos e figuras femininas admiráveis, que também nos ensinam a apreciar o dom das crianças".

Russo, francês, inglês...

O autor também não esquece os grandes dramaturgos europeus do século XIX, como "o profundo escritor russo Fyodor Dostoyevsky, um gigante moderno do espírito cristão, que nos faz pensar na consciência moral adormecida despertada pelo amor, com a história do jovem anarquista Raskolnikov em Crime e Castigo"; o escritor francês Victor Hugo, que "transmite, na grande história Les Miserables, o sentido cristão da vida e do sofrimento injusto, superado com misericórdia"; o também francês Alexandre Dumas, que nos encanta com as desgraças e a epopeia de Edmund Dantes em 'O Conde de Monte Cristo', com a necessidade de superar o ressentimento através do perdão cristão".

Finalmente, cita romancistas ingleses do início do século X que "mostram o poder da graça em situações de ruína moral", tais como Graham Greene ou Evelyn Waugh, em 'Back to Brideshead'., ou "os avisos de célebres distopias denunciadoras contemporâneas. Como a diatribe sócio-política de George Orwell '1984'. Ou a terrível profecia do totalitarismo pós-moderno no Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley.

Porquê o título

Muitas vezes um livro começa com a breve citação de uma frase de um autor que é particularmente inspirador para o trabalho que está a ser feito, explicou José Miguel Granados no seu discurso. "No meu caso, escolhi estas duas declarações concatenadas da exortação apostólica aos jovens, intitulada Christus vivitPapa Francisco: "Só o que é amado pode ser salvo. Só o que é abraçado pode ser transformado.

Daí o título desta obra: "Transformar o amor", revelou ele. "Pois o amor humano não é algo espontâneo e automático, que funciona por si só com a sua própria dinâmica interior de uma forma inexorável. Não se deve esquecer que a nossa natureza está ferida pelo pecado. É por isso que um trabalho de recuperação é indispensável. Na realidade, o ser humano como pessoa chamada ao amor precisa de ser transformado com a ajuda de professores de vida e de comunidades formativas. Aquele que empreende a tarefa de viver e caminhar em conjunto com outros para um objectivo de transcendência deve ser educado, amadurecido, melhorado, num processo delicado e laborioso de purificação, cura e aprendizagem constante.

E o autor acrescentou que, "como a frase papal acima mencionada insinua, o que mais renova e embeleza o coração e toda a existência é a consciência de ser amado pessoalmente, de uma forma única, incondicional e plena". Ser verdadeiramente amado enche a sua existência de significado e motiva-nos a dar o melhor de nós próprios no dom de nós próprios, no dom de nós próprios aos outros. Além disso, a graça divina vem em auxílio da fraqueza humana de uma forma superabundante. Cristo é o redentor do coração, que nos dá as capacidades eficazes para superar as dificuldades e viver de acordo com a nossa dignidade e o plano de Deus. Isto é o que aconteceu na vida dos santos.

Por esta razão, Granados explicou, "ao longo do livro referimo-nos a vários cônjuges cristãos e casamentos exemplares, cujo testemunho mostra a realização heróica da vocação conjugal na vida concreta".

A esperança, o nervo central

Quanto ao subtítulo do livro - 'Casamento e esperança nas grandes histórias' - "a área em consideração é o casamento como fonte de esperança em algumas narrativas fictícias", disse Granados, que prosseguiu pintando um quadro atraente.

"O pacto de amor conjugal é o espaço querido por Deus para engendrar e educar a vida humana, para desdobrar todo o seu potencial", concluiu. "É a escola do amor verdadeiro e belo". Nasce do compromisso mútuo do homem e da mulher que, relendo a linguagem esponsal do corpo e do coração, se comprometem e se entregam pela vida para construir a humanidade. A promessa divina está subjacente, precede e acompanha a promessa mútua dos cônjuges. O dom de Deus, ao superar as fracturas humanas, dá origem à esperança de um lar belo, fiel e fecundo de amor, uma participação humana no mistério da comunhão familiar trinitária das pessoas divinas".

É precisamente a esperança que é o nervo central na curta conclusão do livro, intitulado "Do Presente à Promessa". Depois de recontar os presentes que Galadriel, a sábia princesa dos duendes do reino de Lothlórien, oferece ao despedir-se da comunidade do ringue - estamos a falar de "O Senhor dos Anéis" - o autor assinala que "também a promessa de amor conjugal contém uma semente divina de fecundidade capaz de superar todas as provas, para florescer com eterna beleza, que já começa nesta terra".

Aquele que ama ganha sempre

Livro Granados

Granados menciona no livro "a cultura de cuidadosA encíclica "O Nosso Amigo Comum", tão elogiada pelo Papa Francisco, com uma leitura do último romance completo de Dickens, "O Nosso Amigo Comum"; a encíclica "O Nosso Amigo Comum"; a encíclica "O Nosso Amigo Comum"; e a encíclica "O Nosso Amigo Comum". Spe salvi ("Na esperança de termos sido salvos") por Bento XVI, e a São João Paulo II, com a sua Carta às famíliasentre outros autores. Mas devemos citar uma frase sua quando comentamos um romance de Charles Dickens. "Compreendemos que - ao contrário dos parâmetros mundanos da concorrência e da lei do mais forte - na realidade, quem ama ganha sempre, mesmo que pareça derrotado. Este é o caso de vários personagens do esplêndido romance Casa sombria".

Sem querer fazer um saqueador, em 'Bleak House' vemos, diz a autora, "aparentes perdedores, como Ada Claire que acompanha o marido na sua queda, seduzidos pela falsa expectativa de uma herança; ou a jovem Esther Summerson, que apanha uma doença grave ao cuidar das famílias miseráveis dos trabalhadores; ou o Sr. Jarndyce, o tutor da jovem, sempre paciente e disposto a dar uma ajuda; ou o Coronel George Runcewell, que arrisca o seu negócio para proteger uma criança de rua; ou o Caddy Jellib. Jarndyce, o tutor da jovem, sempre paciente e disposto a dar uma ajuda a todos; ou o Coronel George Runcewell, que arrisca o seu negócio para proteger uma criança de rua; ou o Caddy Jelliby, que consegue entrar num casamento honrado e formar um lar decente depois de ultrapassar as suas terríveis circunstâncias familiares; ou, finalmente, o Barão Sir Leicester Deadlock, que se sobrepõe ao seu nobre orgulho para salvar a sua desonrada esposa: todos estes fracassos aparentes são aqueles que salvam o mundo em que vivem com gestos genuínos e discretos de amor auto-sacrificial".

O autorFrancisco Otamendi

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