Este original e divertido ensaio em Moral fundamental (editorial Palabra, Madrid 2021, 150 páginas), escrito por José Manuel Horcajo, professor de Teologia na Universidade de San Dámaso de Madrid e pároco de San Ramón Nonato, no distrito de Puente de Vallecas, é surpreendente.
Livro
A metáfora da peregrinação serve como fio condutor para compreender o significado da acção humana à luz da fé cristã e da razão humana. Desde a viagem à Hispânia de Astérix e Obélix, passando pela viagem de Abraão, o Êxodo de Israel, a Odisséia de Ulisses, o Caminho de Santiago, as aventuras de Dom Quixote, a Divina Comédia de Dante, ou a missão de Frodo, o portador do anel..., o autor ajuda-nos a compreender conceitos chave da ética: graça, afectividade, intencionalidade, consciência, nominalismo, utilitarismo, emotivismo, etc.
Com uma linguagem rigorosa e ao mesmo tempo coloquial, oferece muitas aplicações à vida prática a fim de tornar acessível a doutrina dos grandes médicos da Igreja. Assim, para deixar clara a falsidade da pretensão de autonomia e a necessidade de se basear no amor divino original: "A nossa liberdade ou é filial ou não é nada".
Outro exemplo, para compreender a diferença entre o instinto humano natural e racional e o instinto sobrenatural despertado pelo Espírito Santo: a freira Santa Ângela da Cruz, que pede esmola para os pobres que serve na casa da sua companhia; ela recebe uma bofetada de um cavalheiro desfavorecido; a sua resposta imediata não é uma reacção violenta ou uma queixa legal, mas para lhe dizer: -Deu-me o que é meu, agora dê-me pelos meus pobres.
Em suma, uma apresentação acessível das bases da acção humana e cristã, superando várias teorias que conduziram a becos sem saída. E tudo isto a partir da centralidade do amor pessoal de Jesus Cristo como força motriz, motivação e objectivo da viagem em santidade em direcção à realização humana nesta vida e na eternidade.