Livros

A pedagogia da imagem

O livro recomendado por Julio de la Vega-Hazas é uma porta aberta para um exame detalhado de toda a riqueza encerrada nos vitrais da Catedral de Segóvia.

Julio de la Vega-Hazas-13 de Abril de 2021-Tempo de leitura: 2 acta
vitrais da catedral de Segóvia

Foto: © 2021 Catedral de Segóvia

Vivemos numa nova era digital, em que as imagens estão em grande parte a substituir a impressão como método de aprendizagem. Mas embora a tecnologia possa ser nova, esta pedagogia não é de modo algum nova. Num mundo onde apenas uma parte da população podia ler, a partir da Idade Média, as igrejas assumiram a tarefa da catequese através de imagens. Se no período românico, para além da escultura, isto era feito principalmente com pinturas murais, no período gótico foi transferido para vitrais, com a vantagem de estes serem muito melhor preservados. E, como não poderia deixar de ser, os vitrais das catedrais destacam-se de longe - pelo seu número e qualidade. 

A Catedral de Segóvia é um dos melhores exemplos desta catequese da imagem. O seu estilo gótico tardio deixa muito espaço para vitrais. Ao mesmo tempo, a data da sua conclusão significava que os vitrais eram de um estilo mais tardio - principalmente Mannerist - com a consequente melhoria na qualidade das imagens e do vidro com chumbo. E Segóvia fez bom uso disto, com um esforço económico significativo para a época. Nas suas janelas encontramos uma magnífica viagem através do Antigo Testamento, através da vida do Senhor, através da figura da Virgem Maria, através de uma selecção dos Padres da Igreja (a representação da Tradição numa época de contra-reforma não podia faltar). 

Livro

TítuloA luz dos mistérios. Janelas de vidro manchado da Catedral de Segóvia
AutorJosé Miguel Espinosa Sarmiento
EditorialArtiSplendore
Páginas: 158
Ano: 2019

Este livro, da autoria de José Miguel Espinosa, cânone da Catedral de Segóvia, é uma porta aberta para um exame detalhado de toda a riqueza encerrada nos seus vitrais. O seu principal sucesso, como o Bispo de Segóvia, D. César Franco, assinala no seu prólogo, reside no facto de não se concentrar no estudo histórico-artístico dos vitrais - embora não faltem referências - mas sim no seu significado e no que pretendem transmitir. Por outras palavras, Espinosa recria a catequese que se destinava a ser dada com as imagens e, ao fazê-lo, fornece a parte mais substancial do seu valor histórico. 

Uma a uma, as imagens desfilam através das suas mais de 150 páginas, com fotografias a cores de muito boa resolução (algumas delas necessitavam da ajuda de um zangão para obter a qualidade necessária). E, ao lado de cada um, a sua explicação, o seu ensino, o seu significado, não só como uma obra singular mas também no seu papel dentro do todo. 

Aqueles que se apropriarem de uma cópia, especialmente se a adquirirem como parte de uma visita de lazer a esta magnífica catedral, aprenderão - e levarão consigo - não só uma explicação histórica dos vitrais e do seu valor, mas sobretudo uma catequese, que, em conjunto, se revela surpreendentemente completa.

O autorJulio de la Vega-Hazas

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