Terra Santa. O último peregrino
Andrés Garrigó, um regular no cinema piedoso, produtor e/ou realizador de títulos tais como Fátima, O último mistério, Coração ardente, y Povedarepete o tandem com Pablo Moreno (Claret, Red de Libertad, etc.) para nos trazer um filme que combina dois géneros, ficção e documentário.
No lado fiction, o filme conta a história de uma família cristã espanhola que vive numa agradável zona residencial nos arredores de Madrid. Do lado documental, o filme mostra o testemunho de pessoas que nos falam sobre a Terra Santa: um franciscano, director de uma escola em Belém, um cristão palestiniano de Samaria, uma freira do Verbo Encarnado de Belém, vários frades, um guia peregrino, um jornalista e vários convertidos e missionários. Todos eles são apresentados através do fiction desta família de Madrid que, por insistência da sua mãe, que acaba de ganhar uma lotaria, acaba por viajar relutantemente para a Terra Santa. Esta viagem servirá como ponto de partida para os aproximar e dar um novo significado às suas vidas.
O filme apresenta uma fórmula interessante, que integra com mais ou menos sucesso a narrativa documental com a narrativa fiction, embora esta última precise de uma oportunidade para se afundar: a dramatização das performances contrasta com a veracidade dos testemunhos, o que retira muito do apelo da obra, uma vez que os entrevistados não precisam de muito mais do que as suas palavras e simplicidade para penetrar profundamente nas almas daqueles que ouvem. Isto está associado à história da Terra Santa, desde o tempo de Jesus, e aos testemunhos sobre o legado e continuidade do cristianismo, e ao que significa para os cristãos ir em peregrinação aos lugares santos.
Embora por vezes tenha uma utilização demasiado omnipresente da música, que encobre um pouco o filme, o guião é simples e goza de uma gama díspar de protagonistas que facilita o alcance de um público mais vasto. Terra Santa. O Último Peregrino é, em definitive, um filme agradável. Filmado com simplicidade, leva-nos através dos lugares que já ouvimos tantas vezes nas escrituras sagradas, e convida-nos a seguir o apelo da terra onde tudo começou, semeando, com as palavras daqueles que já o fizeram, inquietude no espectador.