"Amanece en Calcuta" é um documentário que gira em torno da pessoa de Teresa de Calcutá, passando o microfone a pessoas que em algum momento estiveram perto dela ou foram influenciadas por ela. Tem uma vocação testemunhal clara e é uma peça audiovisual que transpira amor.
É um trabalho tratado com sobriedade, que deixa os entrevistados desdobrarem-se em frente da câmara, contando uma história com a força de ser um acontecimento vivido.
O trabalho é um filme aberto a todos os públicos, com vocação para agitar e apelar a todos. Acima de tudo, é uma história de graça divina, que enche de plenitude um público que pode facilmente compreender e empatizar com as personagens do filme. Entre eles estão um padre que sobreviveu à doença através da mediação da Virgem Maria; um atleta profissional em busca do significado do seu sofrimento; um professor universitário de filosofia que encontra Deus em actos quotidianos; uma enfermeira numa clínica de aborto; um convertido de um país largamente budista que encontra o caminho para o sacerdócio depois de conhecer Madre Teresa num avião; e uma mulher que fala da cura milagrosa do cancro cerebral do seu marido. Todos estes testemunhos têm um magnetismo revitalizante, o que torna inevitável a rendição ao filme, e a aspiração a um mundo melhor, onde a fé não é falada mas transmitida através de actos.
Jose María Zavala Chicharro (1962), jornalista de profissão e escritor convertido ao cinema, tem uma pequena mas cuidadosamente escrita biografia cinematográfica, toda ela com um tema religioso.
Assim, após vários filmes sobre o Padre Pio, e um sobre o Papa S. João Paulo II, chega ao cinema com este projecto de autor, que ele trata com um afecto que é evidente no ecrã. A sua formação como jornalista inflama o género documental com fluência, e a sua paixão pela beleza torna o trabalho uma experiência cheia de inquietação e força. Para além da música omnipresente, tem um estilo jornalístico cuidadoso e refinado, que faz o filme fluir com simplicidade e bom gosto.