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O forte apelo do Papa à paz na Ucrânia, à oração e ao jejum

O Papa Francisco apelou aos "crentes e não crentes" para se unirem em oração pela paz na Ucrânia a 2 de Março, Quarta-feira de Cinzas, e exortou todas as partes envolvidas na crise a "um sério exame de consciência perante Deus", "que é o Deus da paz e não da guerra", a fim de pôr termo à "diabólica insensatez da violência".

Rafael Mineiro-24 de Fevereiro de 2022-Tempo de leitura: 3 acta
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Foto: ©2022 Catholic News Service / U.S. Conference of Catholic Bishops.

"Estou desolado com o agravamento da situação na Ucrânia. Apesar dos esforços diplomáticos das últimas semanas, estão a abrir-se cenários cada vez mais alarmantes". Foi assim que o Papa começou um Apelo no final da audiência geral de ontem, na Sala Paulo VI.   

"Tal como eu, muitas pessoas em todo o mundo sentem angústia e preocupação", acrescentou o Pontífice, observando que "mais uma vez a paz de todos é ameaçada pelos interesses das partes". 

O Santo Padre fez então um apelo premente aos líderes políticos: "Gostaria de apelar aos líderes políticos para fazerem um exame sério de consciência perante Deus, que é o Deus da paz e não da guerra; que é o Pai de todos, não apenas de alguns, que quer que sejamos irmãos e não inimigos. Apelo a todas as partes envolvidas para que se abstenham de qualquer acção que cause mais sofrimento às populações, desestabilizando a coexistência entre as nações e desacreditando o direito internacional".

"As armas de Deus, a oração e o jejum".

O Santo Padre estendeu o apelo a todos, "crentes e não crentes", convidando-os a juntarem-se num dia de oração juntos pela paz: "Jesus ensinou-nos que a loucura diabólica da violência pode ser respondida com as armas de Deus, com a oração e o jejum. Convido todos a fazer desta próxima Quarta-feira de Cinzas, 2 de Março, um dia de jejum pela paz. Encorajo especialmente os crentes a dedicarem-se intensamente à oração e ao jejum neste dia. Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra.

"A Ucrânia sofre e merece a paz".

Esta não é a primeira vez que o Papa faz um apelo à paz no conflito que afecta aquele país. No final de Janeiro, Francisco apelou à filiação de Deus Pai e à fraternidade entre os homens em relação à Ucrânia: "Oremos pela paz com o Pai Nosso: é a oração dos filhos que se dirigem ao mesmo Pai, é a oração que nos torna irmãos, é a oração dos irmãos que imploram a reconciliação e a concórdia".

Papa perguntou "o Senhor com insistência para que esta terra possa ver a fraternidade florescer e superar feridas, medos e divisões". O Dia de Jejum e Oração pela Paz teve três pontos-chave: o Vaticano, a Basílica de Santa Maria em Trastevere, em Roma, e a capital ucraniana, Kiev. A Ucrânia "é um povo sofredor, tem sofrido muita crueldade e merece a paz", gritou o Santo Padre.

"Reunidos em oração, rezamos pela paz para a Ucrânia", disse o Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, numa reunião do Secretariado para as Relações com os Estados da Santa Sé. Basílica em Santa Maria in Trastevere, em Roma, numa celebração promovida pela Comunidade de Sant'Egidio. "Que os ventos da guerra sejam silenciosos, que as feridas sejam saradas, que homens, mulheres e crianças sejam preservados do horror do conflito".

"Estamos em comunhão com o Papa para que cada iniciativa esteja ao serviço da fraternidade humana", acrescentou Monsenhor Gallagher. As suas palavras destacaram, antes de mais, o drama dos conflitos e a disparidade entre aqueles que os decidem e aqueles que os sofrem, entre aqueles que os executam sistematicamente e aqueles que sofrem a dor, informou a agência oficial do Vaticano.

"Sabemos quão dramática é a guerra e quão graves são as suas consequências: são situações dolorosas que privam muitas pessoas dos direitos mais fundamentais", acrescentou ele. Mas ainda mais escandaloso "é ver que aqueles que mais sofrem com os conflitos não são aqueles que decidem se os iniciam ou não, mas sobretudo aqueles que são apenas as suas vítimas indefesas", salientou o Arcebispo Gallagher.

SubsequentementeSviatoslav Shevchuk, Arcebispo Maior da Igreja Católica Grega na Ucrânia, disse que "os católicos na Rússia, Bielorrússia, Ucrânia, Cazaquistão, estão unidos em oração, e procuram a paz". Disse-o numa conferência de imprensa online organizada pela Aid to the Church in Need (ACN) sobre a crise ucraniana.

Tensão máxima

De acordo com várias fontes, o Presidente russo Vladimir Putin disse ontem à noite que "em conformidade com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas, com a aprovação do Conselho da Federação" (Câmara Alta da Rússia), decidiu "levar a cabo uma intervenção militar especial", o que desencadeou sinais de alarme.Pela sua parte, o Presidente dos EUA Joe Biden assegurou, segundo a BBC, que a Ucrânia está a sofrer "um ataque não provocado e injustificado pelas forças militares russas", na sequência do anúncio de Vladimir Putin de uma "operação militar especial" contra o país vizinho.

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