Família

Os sonhos de Deus

Amar a vida é perseguir o sonho que Deus teve quando criou os seres humanos. Ele sonhou-nos em plena comunhão uns com os outros.

Lucía Simón-10 de Fevereiro de 2022-Tempo de leitura: 3 acta
sonhos

Foto: Aziz Acharki / Unsplash

A vida amorosa começa com a sua aceitação e acolhimento desde o primeiro momento. Este acto assemelha-se a Deus o Pai que, com imensa ternura, nos teve no seu coração desde o primeiro momento. Por vezes temos dificuldade em aceitar uma nova vida porque não esperávamos que ela viesse naquele momento ou dessa forma. Porque não se enquadra no que tínhamos planeado e perturba-nos.

Vivemos numa sociedade em que a parentalidade é uma verdadeira aventura. Conciliar a vida profissional e familiar, o acesso à habitação... tudo parece muito difícil e caro.

Além disso, há uma tendência para uma rejeição velada das crianças. Vimo-lo na pandemia. Eles incomodam-nos, fazem barulho, tocam em tudo... Parece que as crianças nos incomodam. Perturbam a sua inocência e espontaneidade. Incomodam-se por exigirem uma resposta de todos, uma saída de si próprios para cuidar deles, para os atender ou simplesmente para os aturar. Eles incomodam-nos com a sua dependência.

Acolher a vida significa defendê-la contra ataques tão antinaturais como o aborto. Mas também significa não fazer má cara quando uma criança nos incomoda nos transportes públicos ou na fila do médico. Significa também dar compreensão e apoio àqueles que têm medo de ser pais e se sentem sozinhos numa tarefa que nos pertence a todos como sociedade. Significa dar compreensão e apoio àqueles que têm medo de se tornarem pais e se sentem sozinhos numa tarefa que pertence a todos nós como sociedade.

Não poremos fim ao aborto enquanto não acabarmos com a mentalidade individualista, incapaz de tolerar e amar os outros apenas por serem quem são. Por ser uma pessoa. Quanta alegria e felicidade traz a verdadeira doação de si mesmo. Dar-se aos outros e não viver pensando em si próprio e nos seus próprios direitos. Tantas famílias que acolhem crianças, mesmo que nasçam em tempos difíceis, sabem disso. Aqueles que acolhem e cuidam dos idosos a um enorme custo pessoal. Em tempos difíceis, experimentamos que o calor dos outros e a sensação de estarmos unidos é o que mais importa.

Há muitas fundações e associações que ajudam mães em risco de aborto e famílias, o que poderia dizer tantos exemplos de como o apoio e o facto de estarem umas com as outras muda radicalmente a atitude dos pais em relação ao seu novo filho. Quando uma mulher engravida, ela não tem medo e não se deixa abater só por causa da forma como vai comprar fraldas. Ela tem medo porque desde o primeiro momento, cada mãe sabe que ficará ligada a essa criança para sempre e terá de cuidar dela, acompanhá-la... É uma tarefa dos pais, mas também de toda a sociedade.

O ser humano foi criado para dar. Dar-se a si próprio. Encontramos frequentemente pessoas que se sentem frustradas porque a sua vida não se revelou como eles pensavam. Porque não conseguiram tudo o que esperavam. Quantos estão naqueles livros de auto-ajuda que dizem que conseguimos tudo com a nossa força e a nossa mente. Os seres humanos só são felizes em relação aos outros. Dependemos de outros. E se outros são felizes também depende muito de nós.

Amar a vida é perseguir o sonho que Deus teve quando criou os seres humanos. Ele sonhou-nos em plena comunhão uns com os outros. Em harmonia. É verdade que por causa do pecado este sonho aparece hoje desfocado e danificado. Não somos perfeitos. Magoamo-nos uns aos outros. Ou gritamos uns com os outros. Colocamo-nos em primeiro lugar na frente daqueles que mais precisam de nós... Mas nem tudo está perdido.

Podemos lutar para mudar o que depende de nós. Mesmo que sejam apenas alguns. Passar tempo a ouvir, esforçando-se constantemente por alcançar um equilíbrio trabalho-família, não se queixando dos inconvenientes causados por outros...

Há mil maneiras de fazer avançar o amor à vida. Não basta participar em manifestações contra o aborto, embora sejam também necessárias para expressar a nossa rejeição deste acto cruel. Vamos mudar a sociedade com poucos. Mudemos a sociedade com a nossa atitude em relação à vida, amando os outros. Acolhê-los e aceitá-los desde o primeiro momento e até ao fim.

Deixamo-lo uma história para o ajudar a compreender os sonhos de Deus

O autorLucía Simón

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