Gaudete et exsultate: Santidade para Todos

11 de Abril de 2018-Tempo de leitura: 3 acta

Na exortação apostólica Gaudete et exsultate ("Alegrai-vos e alegrai-vos"), sobre o apelo à santidade no mundo de hoje (19-III-2018), o Papa Francisco explica o caminho cristão para a santidade. Um caminho que é proposto para todos e do qual nós cristãos devemos estar especialmente atentos.

TEXTO - Ramiro Pellitero

Depois de expor o significado de santidade, ele alerta para algumas interpretações erradas. Em seguida, mostra os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos. Em seguida, apresenta algumas manifestações ou características de santidade. Conclui salientando algumas das formas pelas quais os cristãos podem colaborar na sua própria santidade. Numa primeira e rápida leitura, vale a pena notar alguns sotaques.

Santidade: o caminho cristão

O primeiro capítulo ("O apelo à santidade) apresenta a protecção e a proximidade dos santos. Os santos são o povo do povo, o povo santo e fiel de Deus, numa expressão que agrada a Francisco. Muitos deles viveram e ainda vivem perto de nós (é a santidade "da porta ao lado".). O apelo à santidade é dirigido a cada crente. "Todos -escreve o Papa, fazendo eco do Concílio Vaticano II. somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o nosso próprio testemunho nas nossas ocupações diárias, onde quer que nos encontremos". "Cada santo é uma missão". que se vive reproduzindo na própria vida os mistérios da vida de Cristo. E esta missão torna a vida mais plena, mais alegre, mais santa.

Destaques Francisco "dois subtis inimigos da santidade". (capítulo dois), apoiando-se nas declarações da Congregação para a Doutrina da Fé (Carta Placuit Deo, 22-II-2018): o Gnosticismo e o Pelagianismo actuais. São - afirma ele - duas formas de antropocentrismo, disfarçadas de verdade católica. A salvação não pode ser procurada apenas pela razão ou vontade, porque só Deus salva o homem. Em vez disso, estes caminhos conduzem a um complexo de superioridade que esquece o primado da graça de Deus e a importância da misericórdia para com o próximo, o reconhecimento dos próprios pecados e a atenção às necessidades materiais e espirituais dos outros.

Santidade para todos, hoje

"À luz do Mestre (capítulo três) vemos que os cristãos são chamados a ser felizes na procura do amor e serviço de Deus para com aqueles que nos rodeiam. Isto está claro nas Beatitudes e na parábola do Juízo Final (cf. Mt 25,31-46). disse Santa Teresa de Calcutá: "Se cuidarmos demasiado de nós próprios, não nos restará tempo para os outros"..

Como "notas sobre a santidade no mundo de hoje". (capítulo quatro) Francisco assinala: resistência, paciência e mansidão; alegria e sentido de humor; audácia e fervor; a dimensão comunitária da santidade; a necessidade de oração constante (juntamente com a leitura da Sagrada Escritura e o encontro com Jesus na Eucaristia).

Sair de nós próprios

Finalmente (capítulo cinco), para avançar para a santidade ele propõe três meios: combate espiritual (entre outras coisas porque o diabo existe); exame de consciência (para evitar corrupção e tibieza); e discernimento (para saber andar onde Deus nos conduz com liberdade de espírito, generosidade e amor, e tendo em mente o "lógica da cruz".).

"Discernimento -escreve Francisco. não é uma auto-análise egocêntrica, uma introspecção egoísta, mas uma verdadeira saída de nós próprios para o mistério de Deus, que nos ajuda a viver a missão para a qual Ele nos chamou para o bem dos nossos irmãos e irmãs"..

A sua linguagem clara e directa faz desta exortação uma proposta incisiva, que pode trazer muitos frutos de vida cristã e de evangelização. O caminho para a santidade é procurar a união com Jesus Cristo. A santidade, de facto, não requer capacidades especiais, nem é reservada aos mais inteligentes ou educados. Só requer que se deixe fazer pelo Espírito Santo: "Deixem-no -conselhe o Papa-. para forjar em ti aquele mistério pessoal que reflecte Jesus Cristo no mundo de hoje"..

O autorRamiro Pellitero

Licenciatura em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Santiago de Compostela. Professor de Eclesiologia e Teologia Pastoral no Departamento de Teologia Sistemática da Universidade de Navarra.

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